sexta-feira, 23 de novembro de 2012

80



Hoje o meu avô faria 80 anos.
Não fará porque nos deixou no início deste ano. 

Não falei disso na altura e ainda me custa falar disso agora. Não pela tristeza do acontecimento, embora sinta muito a falta dele. O meu avô materno foi sempre muito presente na minha vida, ás vezes chato e teimoso, mas sempre muito generoso e bem intencionado. Ele adotou o Z. como o seu 3º neto e ajudou-nos imenso.

Não, o que me custa, o que me envergonha, é que não chorei quando ele morreu. 
Na minha cabeça, ou no meu coração, sinto-me anestesiada e tudo aquilo foi muito triste mas comparativamente não é o pior que estou a passar.

Como é que é possível que eu sinta mais falta de alguém que só existe no meu coração, do que de alguém que esteve presente a minha vida toda?

Como é que eu choro tantas vezes porque o meu peito parece que vai implodir de saudades de um filho que não tenho, mas não me comovo por alguém que cuidou de mim?

Não está certo!
Mas não consigo que seja de outra forma.